
Sonho realizado. Terra do Fogo (Ushuaia) como destino inicial, Ptagonia região inesquecível, intermediária e Deserto do Atacama como destino final. Foram 19507 km rodados em 68 dias, mais de 180 localidades visitadas e mais de 2300 km de estradas sem pavimento, com cascalho, terra ou lama, em cima de uma Moto Honda Shadow 750. A maioria dos motociclistas que encontrei na estrada não acreditavam que que passaria nesses lugares numa moto Custom.
Tive contato com ingleses, franceses, brasileiros, americanos, japoneses, israelenses, holandeses, suíços, alemães, canadenses, espanhóis.Vi pessoas com mais de 70 anos enfrentando a carreteira austral de bicicleta, motociclista inglês viajando a 7 meses desde o Alasca, casal inglês há 18 meses pedalando em bicicleta desde o Alasca com uma criança acomodada no reboque da bicicleta, casal de japoneses viajando em moto a 18 meses , casal de alemães viajando a 7 anos de carro pelo mundo. Vi pessoas sexagenárias caminhando 9 horas para escalar um montanha, e centenas de outras pessoas corajosas.
A Terra do Fogo é a região abaixo do Estreito de Magalhães e foi assim denominada devido à grande quantidade de fogueiras que os nativos faziam para espantar o frio noturno. A Patagonia fica numa faixa de 2 mil quilómetros acima do Estreito, abrangendo o Chile e a Argentina. É impossível de descrever a Patagônia. O que posso dizer que é linda, inóspita, na maioria dos locais, e agressiva em todos os sentidos. Circular por ela seja de avião (pequeno deve ser impossível), navio, carro, moto, bike ou à pé é uma grande aventura. Quem acredita que o mundo foi criado em 6 dias (há religião que prega que o Chefão largou o trabalho na sexta-feira à noite) se for na Patagônia muda de ideia. Fica muito claro que a região vem sendo modificada há milhões de anos. Até hoje o vento e o gelo alteram a paisagem. A cada verão, a neve derretida, deslocam pedras do tamanho de um carro que descem desmanchando montanha acabando com tudo por onde passa. Eu, particularmente, penso que Ele deveria ter feito um "serãozinho" no domingo para terminar de ajeitar aquela região.
No deserto do Atacama a gente pode sentir melhor como o mundo vem secando. Diversas ruínas mostram que comunidades tiveram que abandonar suas moradias por falta de água. É triste pensar que naqueles locais inóspitos já existiu água um dia. Pilotar 8 dias pelo deserto é uma história à parte. Cada montanha, cada planície de areia é diferente uma da outra, por isso não entendiam o piloto. Apesar de limpo, sem nada para ver, o piloto não cansa de olhar para os lados como se fosse perder uma imagem de tão diversificada que é a paisagem.
Aos futuros motociclistas coloco minha experiência a disposição pelo e-mail: sinomarg@gmail.com.
Espero ter muitas outras viagens para contar antes de tornar-me senil. E para terminar coloco a foto da bandeira do Brasil que aguentou firme a viagem e duas fotos mostrando a "celestina" no auge da sujeira e bem limpinha. Sou apaixonada nela. Pena que ela não fala........