sexta-feira, 27 de março de 2009

Resumo da viagem ao Ushuaia e Deserto do Atacama












Sonho realizado. Terra do Fogo (Ushuaia) como destino inicial, Ptagonia região inesquecível, intermediária e Deserto do Atacama como destino final. Foram 19507 km rodados em 68 dias, mais de 180 localidades visitadas e mais de 2300 km de estradas sem pavimento, com cascalho, terra ou lama, em cima de uma Moto Honda Shadow 750. A maioria dos motociclistas que encontrei na estrada não acreditavam que que passaria nesses lugares numa moto Custom.
Tive contato com ingleses, franceses, brasileiros, americanos, japoneses, israelenses, holandeses, suíços, alemães, canadenses, espanhóis.Vi pessoas com mais de 70 anos enfrentando a carreteira austral de bicicleta, motociclista inglês viajando a 7 meses desde o Alasca, casal inglês 18 meses pedalando em bicicleta desde o Alasca com uma criança acomodada no reboque da bicicleta, casal de japoneses viajando em moto a 18 meses , casal de alemães viajando a 7 anos de carro pelo mundo. Vi pessoas sexagenárias caminhando 9 horas para escalar um montanha, e centenas de outras pessoas corajosas.
A Terra do Fogo é a região abaixo do Estreito de Magalhães e foi assim denominada devido à grande quantidade de fogueiras que os nativos faziam para espantar o frio noturno. A Patagonia fica numa faixa de 2 mil quilómetros acima do Estreito, abrangendo o Chile e a Argentina. É impossível de descrever a Patagônia. O que posso dizer que é linda, inóspita, na maioria dos locais, e agressiva em todos os sentidos. Circular por ela seja de avião (pequeno deve ser impossível), navio, carro, moto, bike ou à pé é uma grande aventura. Quem acredita que o mundo foi criado em 6 dias (há religião que prega que o Chefão largou o trabalho na sexta-feira à noite) se for na Patagônia muda de ideia. Fica muito claro que a região vem sendo modificada há milhões de anos. Até hoje o vento e o gelo alteram a paisagem. A cada verão, a neve derretida, deslocam pedras do tamanho de um carro que descem desmanchando montanha acabando com tudo por onde passa. Eu, particularmente, penso que Ele deveria ter feito um "serãozinho" no domingo para terminar de ajeitar aquela região.
No deserto do Atacama a gente pode sentir melhor como o mundo vem secando. Diversas ruínas mostram que comunidades tiveram que abandonar suas moradias por falta de água. É triste pensar que naqueles locais inóspitos já existiu água um dia. Pilotar 8 dias pelo deserto é uma história à parte. Cada montanha, cada planície de areia é diferente uma da outra, por isso não entendiam o piloto. Apesar de limpo, sem nada para ver, o piloto não cansa de olhar para os lados como se fosse perder uma imagem de tão diversificada que é a paisagem.
Aos futuros motociclistas coloco minha experiência a disposição pelo e-mail: sinomarg@gmail.com.
Espero ter muitas outras viagens para contar antes de tornar-me senil. E para terminar coloco a foto da bandeira do Brasil que aguentou firme a viagem e duas fotos mostrando a "celestina" no auge da sujeira e bem limpinha. Sou apaixonada nela. Pena que ela não fala........

12/03/09 - São J. Rio Preto - Morrinhos - 403 km

A chegada em Morrinhos foi emocionante com vários amigos esperando com uma feijoada maravilhosa oferecida pelos motociclistas Sr. Paulo e Luciano, sem esquecer suas esposas. Não fosse o cansaço ficaria até de madrugada contando minhas histórias e respondendo perguntas. Motociclistas são uma irmandade mesmo. Seja na cidade da gente, seja pelo mundo. Se paramos na estrada por algum motivo e outro motociclista nos vê, vai logo parando para oferecer ajuda.

quinta-feira, 26 de março de 2009

11/03/09 - Juranda (PR) - São José do Rio Preto (SP) - 629 km

Acordei logo cedo e pé na estrada, porque a vontade chegar era grande. Parei em São José do Rio Preto, primeiro porque era planejado. Foi nessa cidade que dormi a primeira noite da viagem e foi o primeiro posto de gasolina a me hospedar. Foi nele que aprendi a economizar dinheiro dos hoteis. Encontrei diversos postos com área cobertas onde me abriguei. A segunda foi porque a chuva caiu torrencialmente e um policial rodoviário Federal me parou para recomendar o não seguimento da viagem. Ele tinha informação que a pista para frente estava inundada pela chuva muito forte. Disse a ele que pararia no próximo posto, onde era planejado. Foi a conta de estacionar que a chuva caiu acompnhada de um vento muito forte. Diversos carros deram problemas e até caminhões pararam no posto para aguardar a chuva. Armei a barraca num local protegido da chuva e dormi a noite toda.

10/03/09 - Foz do Iguaçu - Juranda(PR) - 254 km




Acordei com o dia chuvoso e temi não poder visitar as cataratas. Logo que cheguei no parque das cataratas o tempo melhorou e pude fazer um lindo passeio, conforme pode ser visto pelas fotos.
Dormi num posto de gasolina em Juranda, próximo a Campo Mourão no Paraná.

09/03/09 - Foz do Iguaçu Local

Fui fazer compras no lado Paraguai, mas a muchibagem só permitiu que eu comprasse um aparelho para aferir pressão arterial e outro para medir glicose. A desculpa foi que a Celestina já estava pesada e não dava para aumentar sua carga. Após as 14 horas já estava de volta ao hotel de onde só saí no dia seguinte. Queria muito descansar o esqueleto numa cama boa.

segunda-feira, 9 de março de 2009

08/03/09 - Cel Olivedo - Foz do Iguaçu - 216 km


Me instalei num hotel, saí para passear à noite e comer uma pizza. Que diferença estar no Brasil!! A cidade de Foz é bonita, limpa, verde, sem vento e organizada e o povo bonito. Os ônibus não provocam poluição visual e pouca poluição do petróleo. São limpos e novos. Os Paraguai, por estar ao lado, bem que podia copiar a administração pública de Foz. Amanha vou comprar um aparelho de aferição de pressão arterial e outro de teste do diabetes.

07/03/09 - Resistência (Arg) - Assunção - Cel Olivedo - 447 km


Pretendia ficar 2 dias em Assunção, porém, devido as dificuldades encontradas ao entrar no Paraguai, desisti. Um policial, após ver o seguro, meus documentos e os documentos da moto, exigiu meu cartão de vacina que eu sabia que não era exigido. Ele insistiu e me exigiu uma quantia em dólares. Como o calor era infernal, não queria criar caso e saquei 20 pesos argentinos e ele pegou e saiu resmungando. Dei um giro pela capital e parti rumo a Foz do Iguaçu. Mas, devido a situação caótica do país, dormi num sítio de um casal de criadores de porcos na beira da estrada. Um pessoal muito legal que até cama me ofereceu, mas com medo das moriçocas, preferi a barraca.

06/03/09 - El Quebrachal - Resistência - 573 km

Foi uma viagem sem demora nas localidades, mas demorada na pilotagem. Tive que para muito. Desacostumei com o calor. Sofri muito com o primeiro dia de calor intenso e muita umidade do Chaco argentino. Acostumei com o frio dos últimos 40 dias de viagem. No deserto, o sol é muito quente, mas o vento é frio ou fresco. Parei em Resistência para dormir.

05/03/09 - Pumamarca - El Quebrachal - 404 km


A intensão era rodar muito, mas a entrada em Jujuy e Salta, duas cidades grandes, atrasou a viagem. Mas a principal demora ocorreu devido eu ter entrado por um caminho alternativo entre as duas cidades. São duas rodovias uma pela direita e outra pela esquerda. A da esquerda é a autopista e a da direita uma estrada de fazenda, com uma faixa só (para um carro passar, ou os dois ficavam com uma roda do lado de fora, ou um tinha que sair da pista) com 80 km de curvas. Só curva mesmo. Quase todas de 90 graus. Nesse trecho não encontrei 2 km de retas. No meio da estrada tinha vaca, cabrito, pato, porco e peru, mas foi agradável. Sair vivo, ou, pelo menos, sem susto, foi uma sensação muito gostosa. A foto é da descida dos andes, ocorrida ontem. Como pode ver, as nuvens aparecem.

04/03/2009 - S.Pedro do Atacama - Passo Jama (divisa Chile e Arg) - Pumamarca (arg) - 409 km




Após um ano de planejamento da viagem e uns três de consulta na internet, não sabia que a cordilheira dos Andes tinha mais 200 km de planície no seu topo. Para mim, a gente subia de um lado e descia do outro. Outro erro infantil, foi pensar que a descida ficava perto da divisa do Chile com a Argentina. Esses erros me obrigaram descê-la ao escurecer e custou-me a visão da paisagem, as fotos e a dificuldade em descê-la. No meio das nuvens e no escuro da noite, que não permitiam visão superior a 15 metros, além da pista molhada, encarei a descida. Não dava para dormir em cima, devido a falta de povoado, comida e dos efeitos que sofria da altitude. Ao passar por Susques, uma comunidade indígena em cima da cordilheira, vi um posto de saúde e parei para aferir minha pressão. Eram 15 horas e minha pressão estava em 15 x 10, apesar de ter tomado meu remédio de manhã. Porém, correu tudo bem. Muito cansaço, 2 fotos, apenas, mas muita adrenalina.
Quando iniciei a subida, logo perto de São Pedro, percebi que a Celestina não queria andar nem de segunda. Então, vendo a enorme montanha na minha frente, resolvi tirar o filtro de ar, conforme já li na internet. Foi uma excelente solução, pois ela voltou a andar normalmente. Posteriormente, conversando com um motorista de caminhão, com 61 anos de idade e 40 de profissão, me ensino que se colocar uma cebola amassada dentro do recepiente do filtro, não há necessidade de tirara o filtro (do jeito que saia a maior quantidade de sumo possível, mas não se desintegre como nos molhos). Segundo ele o "cheiro" da cebola entrando no carburador, levanta até caminhão velho. Nas fotos uma mostra as casas a outra as pessoas do povoado de Susques.

terça-feira, 3 de março de 2009

03/03/09 - terça - Geires - Vale de La Luna e Säo Pedro - 169 km
















Dormi legal dentro de um galpäo abandonado de uma vila também abandonada e näo senti muito frio. Levantei as 7 e logo já estava dentro do campo de Geires. Preparei meu lite com café e bolacha ao lado de 3 Geires e lavei o copo na água deles. Como tinha muitos önibus e minha velocidade seria muito baixa, optei por deixá-los partir primeiro. Uns amercianos que estavam numa caminonete e tinha acapado comigo, também ficaram. Foi uma ótima idéia. Ficamos somente 3 pessoas nadando de cueca numa piscina termal, destinada a este fim. É que os önibus näo esperam. Como os americanos logo foram embora, fiquei mais uma meia hora, sozinho desfrutando daquele paraíso. Parecia que eu era dono daquele espaço e das montanhas geladas que o circundam. Aos motociclistas com material de camping, recomendo o passeio na forma que fiz, porém deveräo verificar, na próximas estaçöes, se a estrada estará melhor. Se estiver, compensa, só para ficar imerso numa água sulfurosa, que as excurçöes näo permitem. Amanhä parto rumo ao Brasil.

02/03/09 - segunda - S.P. Atacama - Geisers Del Tatio - 100 km




Os Geisers só aparecem entre as 6 e as 8 da manhä e estäo localizados a 90 km de Säo Pedro. Por isso, as excursöes saem de S. Pedro, entre 2 e 3 horas da manha, para chegar lá a tempo de apreciá-los. Para fugir da madrugada e do preço dos passeios, pensei: " vou de moto hoje e acampo nas imediaçöes. Amnhä cedo estarei lá". Assim, apesar das recomendaçöes em contrário dos colegas motociclistas e da moça do Apoio Turístico da cidade, parti rumo aos Geires. A argumentaçäo deles era que a estrada estava muito ruim e a temperatura no local é em torno de 10 graus negativos. Pensei de novo: "Estrada ruim e temperatura baixa já estou escolado". Só que dessa vez eles estavam certos. Gastei 4 horas para percorrer 90 km e coitada da moto. Atolei duas vezes na areia. Quanto à temperatura, näo foi problema, mas, a altitude acima dos 4000 metros, foi um problemäo. Fui acometido de taquicardia, dor de cabeça, e estömago ruim e näo consegui dormir direito. Pensei que amanheceria duro, näo de frio, mas do coraçäo. Fiqueim em dúvida se tomava o remédio para pressäo, mas deixei de lado. Fiquei com medo de complicar mais ainda. Na foto, motociclistas de Brasília que encontrei no acampamento.

01/03/09 - Domingo - Säo Pedro do Atacama - local - 128 km







Säo Pedro do Atacama é uma cidade que conservou suas origens indígenas. A cidade é quase toda de barro e as ruas do centro em poeira, fina como chäo de confinamento bovino. Todo mundo anda sujo, näo tem jeito. Tem uns que abusam, ficam sujo ao exagero. Tem turista de toda parte do mundo e todos passa integrar o grupo dos sujos.
Aproveitei o domingo para circular no povoado e visitar a Reserva Nacional Los Flamencos, localizada dentro do Salar de Atacama. Na ida parei no povoado Toconäo, para curtir o carnaval de rua que era realizado debaixo de um sol escaldante. Achei muito legal e animado. Com exceçäo da música, tem alguma coisa parecida com o nosso: palhaços, homens vestidos de lhuler e muito talco. A Regiäo onde está localisada Säo Pedro é um oasis dentro do deserto. A cidade conta com um rego de água percorrendo em canaletas de concretos em várias partes da mesma. O ribeiräo sobra do consumo da populaçäo, porém, a terra é salgada e essa água näo é aproveitada para irrigaçäo. Muito menos para fazer jardins ou praça bonitas. Parece que, para eles, quanto mais seco melhor. Quanto à Reserva, foi interessante de ver o quanto de sal vem das montanhas. Como estamos no veräo, sobra pouca água para os Flamencos, o barro seca e pontiagudo, parecendo vidro. Além de ter que usar estradas de terra para chegar até là. Ao lado da cidade exite uma cordilheira de Sal. Em uma das fotos, apareço em frente ao Hotel Internacional.

domingo, 1 de março de 2009

28/02/09 - Sábado - Antofagasta - Calama - Säo Pedro do Atacama - 310 km


Viagem sem incidentes. Totalmente no meio do deserto. Em Calama näo tem serviço de informaçoes turisticas no sábado. Assim me mandei para Säo Pedro, onde cheguei cedo e escolhi um camping. A cidade............ Depois eu falo sobre ela. Parece que entrei na pré-história, em termos de visual.

27/02/09 - sexta - Vallemar - Antofagasta - 598 km







Näo tenho palavras para expressar a sensaçäo de viajar o dia inteiro no deserto absoluto, sem um único capim seco para ascender um fogo. A cada 150 ou 200 km o lençol freático sobe e alí nasce uma comunidade do tamanho da água disponível. As vezes 5 casas, às vezes uma centena. Cheghei em Antofagasta por volta das 23 horas, muito cansado. Täo cansado que, se näo fosse os frentistas do posto de gasolina, teria deixado a moto cair. Nessa, o pé e o braço esquerdo, voltaram a doer. Antofagasta é uma cidade com 282 mil habitantes, conforme uma placa na entrada, muito rica devido ao porto e às minas de cobre da regiäo, por isso os hoteis säo caros. Consegui achar um chamado Hotel Brasil que näo comprometeu muito meu orçamento. A água de Antofagasta, nessa época, é des-sanalizada (do mar) e em parte do ano vem da Cordilheira, distante mais de 300 km (quando a neve é derritida). Mesmo assim, tem praças mais bem cuidadas e bonitas que as da minha querida Morrinhos.

26/02/09 - quinta - Pichidangui - La Serena - Villemar - 602 km











Sem muito o que comentar, a näo ser a beleza do oceano Pacífico visto em quase todo percurso. As vezes, pensamos que a estrada vai mergulhar em suas águas. É muito bonito o contraste da terra árida do deserto com a àgua verde do mar.
Aos motociclistas que for fazer o percurso Santiago-Säo Pedro do Atacama, ou vice-versa, deve reservar um tempo para a cidade de La Serena. A cidade tem 460 anos e oferece muitos atrativos: preservaçäo histórica, praia, reserva de pinguim e lobos-do-mar, áreas arqueológicas e caminhadas. O Pior que nas minhas pesquisas da internte, näo vi comentàrios sobre este balneário. Nas fotos, a placa na minha entrada na regiäo, eu num momento de intimidade de beira de estrada, atrás do último cácto que veria (daí para frente näo houve mais nem pedra para esconder ao fazer as necessidades fisiológicas) e o sucesso que a Celestina faz, junto aos turistas. No norte do Chile e em quase todo o Chile se cobra para usar banheiro, inclusive nos postos de gasolina. Acho um absurdo. Por isso protesto, fazendo o cacto de banheiro e as pessoas lá na estrada vendo.

25/02/09 - quarta - Santiago - Valparaiso - Viña Del Mar - Pichidangui - 333 km







De paraiso, Valparaiso, só tem o nome. Proporcionalmente ao número de habitantes, a cidade tem mais favelas penduradas nos morros do que o Rio de Janeiro. Ao entrar, já encontramos, um extenso comércio ao céu aberto, nas calçadas, onde se vende roupas e objetos usados, além de produtos rurais, quase tudo exposto no chäo, sem um forro sequer. É uma cidade com porto muito movimentado e histórica. Transmite uma paixäo, um orgulho, por ter sido alí que a invasäo peruana, no Sèculo XVIII, foi rechaçada. Entretanto, Viña Del Mar, cidade separada de Valparaiso por apenas um morro, é uma gracinha e cheia de turista. Lá econtrei diversos motociclistas do Chile. Um fato interessante é que, após uns 50 km de Santiago, indo para Valparaiso, sob um calor intenso, a gente entra num túnil muito extenso, por baixo de uma montanha. Ao sair, do outro lado, está um frio tremendo, que, inclusive, me obrigou a parar e recuperar todo meus material de pilotagem no frio.