sexta-feira, 27 de março de 2009

Resumo da viagem ao Ushuaia e Deserto do Atacama












Sonho realizado. Terra do Fogo (Ushuaia) como destino inicial, Ptagonia região inesquecível, intermediária e Deserto do Atacama como destino final. Foram 19507 km rodados em 68 dias, mais de 180 localidades visitadas e mais de 2300 km de estradas sem pavimento, com cascalho, terra ou lama, em cima de uma Moto Honda Shadow 750. A maioria dos motociclistas que encontrei na estrada não acreditavam que que passaria nesses lugares numa moto Custom.
Tive contato com ingleses, franceses, brasileiros, americanos, japoneses, israelenses, holandeses, suíços, alemães, canadenses, espanhóis.Vi pessoas com mais de 70 anos enfrentando a carreteira austral de bicicleta, motociclista inglês viajando a 7 meses desde o Alasca, casal inglês 18 meses pedalando em bicicleta desde o Alasca com uma criança acomodada no reboque da bicicleta, casal de japoneses viajando em moto a 18 meses , casal de alemães viajando a 7 anos de carro pelo mundo. Vi pessoas sexagenárias caminhando 9 horas para escalar um montanha, e centenas de outras pessoas corajosas.
A Terra do Fogo é a região abaixo do Estreito de Magalhães e foi assim denominada devido à grande quantidade de fogueiras que os nativos faziam para espantar o frio noturno. A Patagonia fica numa faixa de 2 mil quilómetros acima do Estreito, abrangendo o Chile e a Argentina. É impossível de descrever a Patagônia. O que posso dizer que é linda, inóspita, na maioria dos locais, e agressiva em todos os sentidos. Circular por ela seja de avião (pequeno deve ser impossível), navio, carro, moto, bike ou à pé é uma grande aventura. Quem acredita que o mundo foi criado em 6 dias (há religião que prega que o Chefão largou o trabalho na sexta-feira à noite) se for na Patagônia muda de ideia. Fica muito claro que a região vem sendo modificada há milhões de anos. Até hoje o vento e o gelo alteram a paisagem. A cada verão, a neve derretida, deslocam pedras do tamanho de um carro que descem desmanchando montanha acabando com tudo por onde passa. Eu, particularmente, penso que Ele deveria ter feito um "serãozinho" no domingo para terminar de ajeitar aquela região.
No deserto do Atacama a gente pode sentir melhor como o mundo vem secando. Diversas ruínas mostram que comunidades tiveram que abandonar suas moradias por falta de água. É triste pensar que naqueles locais inóspitos já existiu água um dia. Pilotar 8 dias pelo deserto é uma história à parte. Cada montanha, cada planície de areia é diferente uma da outra, por isso não entendiam o piloto. Apesar de limpo, sem nada para ver, o piloto não cansa de olhar para os lados como se fosse perder uma imagem de tão diversificada que é a paisagem.
Aos futuros motociclistas coloco minha experiência a disposição pelo e-mail: sinomarg@gmail.com.
Espero ter muitas outras viagens para contar antes de tornar-me senil. E para terminar coloco a foto da bandeira do Brasil que aguentou firme a viagem e duas fotos mostrando a "celestina" no auge da sujeira e bem limpinha. Sou apaixonada nela. Pena que ela não fala........

12/03/09 - São J. Rio Preto - Morrinhos - 403 km

A chegada em Morrinhos foi emocionante com vários amigos esperando com uma feijoada maravilhosa oferecida pelos motociclistas Sr. Paulo e Luciano, sem esquecer suas esposas. Não fosse o cansaço ficaria até de madrugada contando minhas histórias e respondendo perguntas. Motociclistas são uma irmandade mesmo. Seja na cidade da gente, seja pelo mundo. Se paramos na estrada por algum motivo e outro motociclista nos vê, vai logo parando para oferecer ajuda.

quinta-feira, 26 de março de 2009

11/03/09 - Juranda (PR) - São José do Rio Preto (SP) - 629 km

Acordei logo cedo e pé na estrada, porque a vontade chegar era grande. Parei em São José do Rio Preto, primeiro porque era planejado. Foi nessa cidade que dormi a primeira noite da viagem e foi o primeiro posto de gasolina a me hospedar. Foi nele que aprendi a economizar dinheiro dos hoteis. Encontrei diversos postos com área cobertas onde me abriguei. A segunda foi porque a chuva caiu torrencialmente e um policial rodoviário Federal me parou para recomendar o não seguimento da viagem. Ele tinha informação que a pista para frente estava inundada pela chuva muito forte. Disse a ele que pararia no próximo posto, onde era planejado. Foi a conta de estacionar que a chuva caiu acompnhada de um vento muito forte. Diversos carros deram problemas e até caminhões pararam no posto para aguardar a chuva. Armei a barraca num local protegido da chuva e dormi a noite toda.

10/03/09 - Foz do Iguaçu - Juranda(PR) - 254 km




Acordei com o dia chuvoso e temi não poder visitar as cataratas. Logo que cheguei no parque das cataratas o tempo melhorou e pude fazer um lindo passeio, conforme pode ser visto pelas fotos.
Dormi num posto de gasolina em Juranda, próximo a Campo Mourão no Paraná.

09/03/09 - Foz do Iguaçu Local

Fui fazer compras no lado Paraguai, mas a muchibagem só permitiu que eu comprasse um aparelho para aferir pressão arterial e outro para medir glicose. A desculpa foi que a Celestina já estava pesada e não dava para aumentar sua carga. Após as 14 horas já estava de volta ao hotel de onde só saí no dia seguinte. Queria muito descansar o esqueleto numa cama boa.

segunda-feira, 9 de março de 2009

08/03/09 - Cel Olivedo - Foz do Iguaçu - 216 km


Me instalei num hotel, saí para passear à noite e comer uma pizza. Que diferença estar no Brasil!! A cidade de Foz é bonita, limpa, verde, sem vento e organizada e o povo bonito. Os ônibus não provocam poluição visual e pouca poluição do petróleo. São limpos e novos. Os Paraguai, por estar ao lado, bem que podia copiar a administração pública de Foz. Amanha vou comprar um aparelho de aferição de pressão arterial e outro de teste do diabetes.

07/03/09 - Resistência (Arg) - Assunção - Cel Olivedo - 447 km


Pretendia ficar 2 dias em Assunção, porém, devido as dificuldades encontradas ao entrar no Paraguai, desisti. Um policial, após ver o seguro, meus documentos e os documentos da moto, exigiu meu cartão de vacina que eu sabia que não era exigido. Ele insistiu e me exigiu uma quantia em dólares. Como o calor era infernal, não queria criar caso e saquei 20 pesos argentinos e ele pegou e saiu resmungando. Dei um giro pela capital e parti rumo a Foz do Iguaçu. Mas, devido a situação caótica do país, dormi num sítio de um casal de criadores de porcos na beira da estrada. Um pessoal muito legal que até cama me ofereceu, mas com medo das moriçocas, preferi a barraca.

06/03/09 - El Quebrachal - Resistência - 573 km

Foi uma viagem sem demora nas localidades, mas demorada na pilotagem. Tive que para muito. Desacostumei com o calor. Sofri muito com o primeiro dia de calor intenso e muita umidade do Chaco argentino. Acostumei com o frio dos últimos 40 dias de viagem. No deserto, o sol é muito quente, mas o vento é frio ou fresco. Parei em Resistência para dormir.

05/03/09 - Pumamarca - El Quebrachal - 404 km


A intensão era rodar muito, mas a entrada em Jujuy e Salta, duas cidades grandes, atrasou a viagem. Mas a principal demora ocorreu devido eu ter entrado por um caminho alternativo entre as duas cidades. São duas rodovias uma pela direita e outra pela esquerda. A da esquerda é a autopista e a da direita uma estrada de fazenda, com uma faixa só (para um carro passar, ou os dois ficavam com uma roda do lado de fora, ou um tinha que sair da pista) com 80 km de curvas. Só curva mesmo. Quase todas de 90 graus. Nesse trecho não encontrei 2 km de retas. No meio da estrada tinha vaca, cabrito, pato, porco e peru, mas foi agradável. Sair vivo, ou, pelo menos, sem susto, foi uma sensação muito gostosa. A foto é da descida dos andes, ocorrida ontem. Como pode ver, as nuvens aparecem.

04/03/2009 - S.Pedro do Atacama - Passo Jama (divisa Chile e Arg) - Pumamarca (arg) - 409 km




Após um ano de planejamento da viagem e uns três de consulta na internet, não sabia que a cordilheira dos Andes tinha mais 200 km de planície no seu topo. Para mim, a gente subia de um lado e descia do outro. Outro erro infantil, foi pensar que a descida ficava perto da divisa do Chile com a Argentina. Esses erros me obrigaram descê-la ao escurecer e custou-me a visão da paisagem, as fotos e a dificuldade em descê-la. No meio das nuvens e no escuro da noite, que não permitiam visão superior a 15 metros, além da pista molhada, encarei a descida. Não dava para dormir em cima, devido a falta de povoado, comida e dos efeitos que sofria da altitude. Ao passar por Susques, uma comunidade indígena em cima da cordilheira, vi um posto de saúde e parei para aferir minha pressão. Eram 15 horas e minha pressão estava em 15 x 10, apesar de ter tomado meu remédio de manhã. Porém, correu tudo bem. Muito cansaço, 2 fotos, apenas, mas muita adrenalina.
Quando iniciei a subida, logo perto de São Pedro, percebi que a Celestina não queria andar nem de segunda. Então, vendo a enorme montanha na minha frente, resolvi tirar o filtro de ar, conforme já li na internet. Foi uma excelente solução, pois ela voltou a andar normalmente. Posteriormente, conversando com um motorista de caminhão, com 61 anos de idade e 40 de profissão, me ensino que se colocar uma cebola amassada dentro do recepiente do filtro, não há necessidade de tirara o filtro (do jeito que saia a maior quantidade de sumo possível, mas não se desintegre como nos molhos). Segundo ele o "cheiro" da cebola entrando no carburador, levanta até caminhão velho. Nas fotos uma mostra as casas a outra as pessoas do povoado de Susques.

terça-feira, 3 de março de 2009

03/03/09 - terça - Geires - Vale de La Luna e Säo Pedro - 169 km
















Dormi legal dentro de um galpäo abandonado de uma vila também abandonada e näo senti muito frio. Levantei as 7 e logo já estava dentro do campo de Geires. Preparei meu lite com café e bolacha ao lado de 3 Geires e lavei o copo na água deles. Como tinha muitos önibus e minha velocidade seria muito baixa, optei por deixá-los partir primeiro. Uns amercianos que estavam numa caminonete e tinha acapado comigo, também ficaram. Foi uma ótima idéia. Ficamos somente 3 pessoas nadando de cueca numa piscina termal, destinada a este fim. É que os önibus näo esperam. Como os americanos logo foram embora, fiquei mais uma meia hora, sozinho desfrutando daquele paraíso. Parecia que eu era dono daquele espaço e das montanhas geladas que o circundam. Aos motociclistas com material de camping, recomendo o passeio na forma que fiz, porém deveräo verificar, na próximas estaçöes, se a estrada estará melhor. Se estiver, compensa, só para ficar imerso numa água sulfurosa, que as excurçöes näo permitem. Amanhä parto rumo ao Brasil.

02/03/09 - segunda - S.P. Atacama - Geisers Del Tatio - 100 km




Os Geisers só aparecem entre as 6 e as 8 da manhä e estäo localizados a 90 km de Säo Pedro. Por isso, as excursöes saem de S. Pedro, entre 2 e 3 horas da manha, para chegar lá a tempo de apreciá-los. Para fugir da madrugada e do preço dos passeios, pensei: " vou de moto hoje e acampo nas imediaçöes. Amnhä cedo estarei lá". Assim, apesar das recomendaçöes em contrário dos colegas motociclistas e da moça do Apoio Turístico da cidade, parti rumo aos Geires. A argumentaçäo deles era que a estrada estava muito ruim e a temperatura no local é em torno de 10 graus negativos. Pensei de novo: "Estrada ruim e temperatura baixa já estou escolado". Só que dessa vez eles estavam certos. Gastei 4 horas para percorrer 90 km e coitada da moto. Atolei duas vezes na areia. Quanto à temperatura, näo foi problema, mas, a altitude acima dos 4000 metros, foi um problemäo. Fui acometido de taquicardia, dor de cabeça, e estömago ruim e näo consegui dormir direito. Pensei que amanheceria duro, näo de frio, mas do coraçäo. Fiqueim em dúvida se tomava o remédio para pressäo, mas deixei de lado. Fiquei com medo de complicar mais ainda. Na foto, motociclistas de Brasília que encontrei no acampamento.

01/03/09 - Domingo - Säo Pedro do Atacama - local - 128 km







Säo Pedro do Atacama é uma cidade que conservou suas origens indígenas. A cidade é quase toda de barro e as ruas do centro em poeira, fina como chäo de confinamento bovino. Todo mundo anda sujo, näo tem jeito. Tem uns que abusam, ficam sujo ao exagero. Tem turista de toda parte do mundo e todos passa integrar o grupo dos sujos.
Aproveitei o domingo para circular no povoado e visitar a Reserva Nacional Los Flamencos, localizada dentro do Salar de Atacama. Na ida parei no povoado Toconäo, para curtir o carnaval de rua que era realizado debaixo de um sol escaldante. Achei muito legal e animado. Com exceçäo da música, tem alguma coisa parecida com o nosso: palhaços, homens vestidos de lhuler e muito talco. A Regiäo onde está localisada Säo Pedro é um oasis dentro do deserto. A cidade conta com um rego de água percorrendo em canaletas de concretos em várias partes da mesma. O ribeiräo sobra do consumo da populaçäo, porém, a terra é salgada e essa água näo é aproveitada para irrigaçäo. Muito menos para fazer jardins ou praça bonitas. Parece que, para eles, quanto mais seco melhor. Quanto à Reserva, foi interessante de ver o quanto de sal vem das montanhas. Como estamos no veräo, sobra pouca água para os Flamencos, o barro seca e pontiagudo, parecendo vidro. Além de ter que usar estradas de terra para chegar até là. Ao lado da cidade exite uma cordilheira de Sal. Em uma das fotos, apareço em frente ao Hotel Internacional.

domingo, 1 de março de 2009

28/02/09 - Sábado - Antofagasta - Calama - Säo Pedro do Atacama - 310 km


Viagem sem incidentes. Totalmente no meio do deserto. Em Calama näo tem serviço de informaçoes turisticas no sábado. Assim me mandei para Säo Pedro, onde cheguei cedo e escolhi um camping. A cidade............ Depois eu falo sobre ela. Parece que entrei na pré-história, em termos de visual.

27/02/09 - sexta - Vallemar - Antofagasta - 598 km







Näo tenho palavras para expressar a sensaçäo de viajar o dia inteiro no deserto absoluto, sem um único capim seco para ascender um fogo. A cada 150 ou 200 km o lençol freático sobe e alí nasce uma comunidade do tamanho da água disponível. As vezes 5 casas, às vezes uma centena. Cheghei em Antofagasta por volta das 23 horas, muito cansado. Täo cansado que, se näo fosse os frentistas do posto de gasolina, teria deixado a moto cair. Nessa, o pé e o braço esquerdo, voltaram a doer. Antofagasta é uma cidade com 282 mil habitantes, conforme uma placa na entrada, muito rica devido ao porto e às minas de cobre da regiäo, por isso os hoteis säo caros. Consegui achar um chamado Hotel Brasil que näo comprometeu muito meu orçamento. A água de Antofagasta, nessa época, é des-sanalizada (do mar) e em parte do ano vem da Cordilheira, distante mais de 300 km (quando a neve é derritida). Mesmo assim, tem praças mais bem cuidadas e bonitas que as da minha querida Morrinhos.

26/02/09 - quinta - Pichidangui - La Serena - Villemar - 602 km











Sem muito o que comentar, a näo ser a beleza do oceano Pacífico visto em quase todo percurso. As vezes, pensamos que a estrada vai mergulhar em suas águas. É muito bonito o contraste da terra árida do deserto com a àgua verde do mar.
Aos motociclistas que for fazer o percurso Santiago-Säo Pedro do Atacama, ou vice-versa, deve reservar um tempo para a cidade de La Serena. A cidade tem 460 anos e oferece muitos atrativos: preservaçäo histórica, praia, reserva de pinguim e lobos-do-mar, áreas arqueológicas e caminhadas. O Pior que nas minhas pesquisas da internte, näo vi comentàrios sobre este balneário. Nas fotos, a placa na minha entrada na regiäo, eu num momento de intimidade de beira de estrada, atrás do último cácto que veria (daí para frente näo houve mais nem pedra para esconder ao fazer as necessidades fisiológicas) e o sucesso que a Celestina faz, junto aos turistas. No norte do Chile e em quase todo o Chile se cobra para usar banheiro, inclusive nos postos de gasolina. Acho um absurdo. Por isso protesto, fazendo o cacto de banheiro e as pessoas lá na estrada vendo.

25/02/09 - quarta - Santiago - Valparaiso - Viña Del Mar - Pichidangui - 333 km







De paraiso, Valparaiso, só tem o nome. Proporcionalmente ao número de habitantes, a cidade tem mais favelas penduradas nos morros do que o Rio de Janeiro. Ao entrar, já encontramos, um extenso comércio ao céu aberto, nas calçadas, onde se vende roupas e objetos usados, além de produtos rurais, quase tudo exposto no chäo, sem um forro sequer. É uma cidade com porto muito movimentado e histórica. Transmite uma paixäo, um orgulho, por ter sido alí que a invasäo peruana, no Sèculo XVIII, foi rechaçada. Entretanto, Viña Del Mar, cidade separada de Valparaiso por apenas um morro, é uma gracinha e cheia de turista. Lá econtrei diversos motociclistas do Chile. Um fato interessante é que, após uns 50 km de Santiago, indo para Valparaiso, sob um calor intenso, a gente entra num túnil muito extenso, por baixo de uma montanha. Ao sair, do outro lado, está um frio tremendo, que, inclusive, me obrigou a parar e recuperar todo meus material de pilotagem no frio.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

24/02/09 - Santiago - Local







Conhecer Santiago foi fácil. Os principais pontos turísticos ficam no centro, próximo do hotel e os vizitei já no primeiro dia. Hoje, peguei o Metro para ir ao Banco do Brasil ver minha conta e aproveitei para visitar outros pontos mais distante. Posteriormente fui a um tal de Funicular que nada mais é do que um elevador arcaico que nos leva até o alto de um morro e de lá peguei o Teléferico que, também deixa a desejar, comparado com o de Bariloche. Mas a vista lá de cima é bem abrangente e é possível ver grande extensäo da cidade, apesar da fumaça que paira no ar. Depois fiz uma caminhada de quase 3 horas, do Teleférico até o Hotel, passando pelo centro da cidade e entrando nas lojas. Mas pela minha roupa, os vendedores nem me däo atençäo. Eles conhecem o "päo-duro" pelo visual. O Centro da cidade lembra o centro do Rio de Janeiro. Amanhä cedo vou dar um giro de moto pela parte mais nova da cidade e depois parto rumo a Valparaíso. De lá quero ver se a viagem rende, para chegar logo ao Brasil e comer uma fejuada daquelas.

23/02/09 - Segunda - Chillán - Santiago - 265 Km


A viagem foi tranquila, com exceçäo dos pedágios que assustam, pelo valor absoluto de $ 600 pesos. Porém, na realidade, esse valor corresponde a apenas R$ 2.60. Desde Puerto Montt a ruta 5 é auto-pista e pode andar a 120 km/h. Mas ando entre 80 e 110 km. O mais difícil foi achar hotel na minha faixa de orçamento, que até ontem, estava dentro do previsto, ou seja, R$ 149.12 por dia. Aqui e em Valparaiso devo comprometer um pouco o orçamento, mas recupero na ida até o Atacama.

22/02/09 - Domingo - Nueva Tolten - Temuco - Los Angeles e Chillán - 466 km

O município de Valdívia foi o último da Patagonia, na minha subida. A Patagonia merece um comentário especial, ou melhor, sou incapaz de descrevë-la. Mesmo os navegadores registraram contradicöes. Fernäo de Magalhaes registrou: "Creio que näo há no mundo estreito mais bonito do que este" e Darwin, quando o visitou, anotou no seu diário: "Näo vi outro lugar que pareça mais árido no mundo do que esse canal entre as rochas em meio à imensa planície" . Podemos dizer que trata-se de uma regiäo cheia de exageros e contrastes. Quando descemos pelo Atläntico, na Argentina, encontramos excesso de vento, excesso de isolamento, de retas, de imensas planícies deserticas. Säo mais de dois mil quilömetros numa estrada cercada de um capim queimado de +- 30 cm de altura e nenhuma árvore. Parece que a terra foi substituída por resíduos vulcänicos e qualquer planta que tende a crescer o vento detona.
Quando subimos, pelo Oceano Pacífico, a sequidäo continua, porém, aparece os contrastes: rios (e muitos) que nascem do gelo da montanha, serpentenham, ora mansamente, nas planícies, ora nervosamente, através das fendas abertas entre as pedras das grandes montanhas. Säo rios maravilhosamente verdes, de diversas larguras. O pior é que näo se vë nenhuma lavoura irrigada, utilizando suas águas. A terra parece estéril e näo gosta de água. Certo dia, trafegando pela Ruta 40, num rípio muito alto e muita poeira, pintou uma chuvinha na minha frente. Fiquei feliz: "oba!! vai diminuir a poeira", pensei, dentro do capacete. A chuva ralinha chegou, porém ela näo infiltrou na terra e, em vez de melhorar, piorou. A água fez das pedras um sabäo e tampou os buracos.
Quando saimos da ruta 40, por Perito Moreno (Arg), e passa para o Chile, a vegetaçäo começa a crescer. Mas, somente após Colhaque e Puerto Aisén, é que ela fica exuberante. Aí já estamos dentro da cordilheira dos Andes. Quase sempre no meio, mas ora vocë passa para um lado ora para o outro. Ora vocë serpenteia subindo, ora descento, quase sempre em primeira e segunda marcha, devido ao rípio e as curvas acentuadas que, de täo fechada, näo transitam carretas. Pilotar entres essas serras é algo inexplicável.

Quanto mais se aproxima da Antartida, mas as povoaçöes, se diferenciam. Parecem que tëm vida própria; vivem alheias ao resto do mundo. Agumas tem horários diferenciados das demais. Em Cocharane, no Chile, por exemplo, as padarias abrem as nove e os supermercados ás dez da manha. Em outras, o comércio funciona das 10 as 14 e das 17 as 22 horas Uma coisa é marcante: eles vivem em funcäo do turismo e nos tratam bem. Se o turista acorda e dorme tarde, para que trabalhar?
A viagem ao Ushuaia é meio mística no meio motociclista, mas, se o companheiro quiser aproveitar bem uma viagem de 30 dias, sugiro a regiäo dos Lagos do Chile e da Argentena, conforme já escrevi aqui.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

21/02/09 - sábado - Paguipulli - Nueva Tolten - 410 km




Nesse trajeto passei por Valdívia, onde novamente encontrei o Steen. Cidade grande, que desacostumei. Gosto mais das cidade pequenas. Mas andei pelos principais pontos turisticos, inclusive na feira de peixe onde os leöes marinhos ficam aguardando restos de peixe.
A única coisa a registrar foi que mais uma vez optei por uma estrada de rípio e, dessa vez, levei um susto diferente. Sempre que vejo uma placa indicativa que pedras podem descer do morro (e näo säo poucas placas) penso: "se uma pedra cair na minha cabeca é o cúmulo da coicidëncia". Toda placa que vejo o pensamento aparece. E, dessa vez, veio mesmo. Um barranco caiu a 4 ou 5 metros na minha frente. A minha sorte foi que era barranco de terra (embora uma aclive de serra que a moto patinava para subir) e a quantidade de terra deu para a celestina passar por cima. Comemos apenas poeria do desmoronamento. Tive que abrir seu filtro de Ar e mandar assoprar. O piso por sí só já era perigoso, imagine um desabamento!. O trajeto que optei sai de Valdivia, passa por San José de La Mariquina, Mehuin, Nueva Tolten, Teodoro Schimidt e Temuco.

20/02/09 - sexta - San Martin (arg) - Panguipulli (chile) 148 km
















Após passar pela localidade de Juninde Los andes, peguei mais uns 80 km de ripio por dentro de outro parque, margeando o Vulcao Copahe, inativo. Após passar pela burocrática aduana da Argentina e da organizada aduana do Chile, cheguei a Pucón. A cidade mais bonita que já ví em toda minha vida. Casas, comércio, pracas, ruas, praias e ancoradouro, tudo muito organizado, limpo e bonito. Turista na rua e chegando, como em Caldas Novas. A praia tinha tanta gente por metro quadrado, como a praia mais famosa do Brasil. A quantidade de barcos e Jet Ski era incalculável. Na entrada já dava para ver o perfil da cidade, pelo aeroporto. Uma dezena de pequenos avioes e um jatinho encontravam-se hangariados, como um cartäo postal. Sem falar no Vulcäo Vilarrica que fica bem próximo da cidade e proporciona um explendor visual único. Näo só Pucön é bonita. Toda regiäo do lagos, tanto argentinos como Chilenos é muito bonita.

19/02/09 - Bariloche - San Martin de Los Andes - 213 km







As fotos (desfocadas) ainda säo de Bariloche. Saí tarde de lá. Tive que procurar (e achei) uma vareta para a barraca (que quebrou na montagem do dia anterior) e um suspensório para segurar minha calca. Quando crianca usava suspensório obrigado pela minha mäe. Agora, depois de velho, tenho que usar novamente. É a lei natural da vida: velho vira crianca. Para näo voltar pelo mesmo caiminho, que seria o caminho mais curto até Valdivia, resolvi dar um volta de aproximadamente 200 km para conhecer novos lugartes. Nessa volta peguei mais 80 km de rípio, que näo teria, se voltasse pelo mesmo caminho. Mas compensou. A estrada, dentro do parque, é linda. Margeada, sempre por um lago ou por um rio de um lado e uma serra de outro. Dentro do parque caiu uma grande chuva no dia anterior (e continuava a chover fino) que houve até desabamento, o qual, o pessoal estava terminando de consertar. O barro num trecho de aproximadamente 20 km era terrível, fazia fila de carros com medo de descer e ninguém subia. Dei uma "cubada" como dizia meus avós para dizer analisada, e me mandei serra abaixo. Procura uma beirada daqui outra de lá e fui descendo. Quando terminei esses 20 km, fui aplaudido com palmas e gritos pelo pessoal que esperava e trabalhava no desbarrancado. Meus dedos e meus bracos, näo aguentavam vais, mas, a felicidade, era de um jovem adolescente. Agora posso dizer que fui batizado por 3 dos 4 elementos da natureza: ar (vento); terra (rípio) e água (barro). Em Maio estarei enfrentando o calor dos países da linha do Equador (Equador, Colömbia e Venuzela), na minha viagem até o Alaska, entäo, poderei dizer que passei no teste do fogo, também. Valeu muito, principlamente porque San Martin, a cidade em que dormi, é muito charmosinha.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

18/02/09 - S. C. Bariloche - local - 120 km











Vou chegar em Morrinhos "rotando grosso": Estive em Bariloche!! Mas näo vou falar para ninguém que enfrentei uma fila de muchileiros e outros turistas (umas 20 pessoas) para comprar um sanduiche feito como os espetinhos de Morrinhos e Goiänia, ou seja, na rua. O cara que fazia era o mesmo que recebia a grana, catava as moedas que caia no chäo e pegava na carne. O avental foi lavado tanto quanto minha calca de motociclista. E mesmo assim aguardei e comi. Mas compensou. Por $ 8,00 pesos (R$ 5,50) comi um päo super cheio de churrasco. Uma delícia. Fiquei o dia todo andando pelos pontos turísticos da cidade. Amanhä sigo novamente para o Chile com destino a Valdívia. Mas para näo voltar pelo mesmo caminho vou pegar uns 100 km de rípio. Meu passaporte está mais carimbado do que cheque sem fundos. Devido a baixa velocidade da internet no camping, as fotos seräo publicadas posteriormente. Deixei de tirar muitas fotos devido a uma falha no cartäo de memória da máquina. Aqui em Bariloche comprei outro e agora tá beleza.

17/02/09 - Águas Calientes - Vila Augustura - San Carlos de Bariloche - 93 km

Perdi muito tempo com a chuva e com as Aduanas, por isso cheguei a Bariloche por volta das 15 horas. Um pequeno giro pela cidade e fui procurar local para ficar. Depois que uma pessoa viaja por essas bandas e é "muchiba" como eu, já nem procura hotel. Primeiro, porque em cidades turisticas, procurar hotel na faixa de $ 150 pesos (R$ 100) é muito difícil. Em Ushuaia uma mulher dona de um café e um motorista de taxi, riram sinicamente na minha cara. Por isso já vou logo perguntando sobre camping. Por haver muitos muchilheiros nessa regiäo, camping é o que näo falta. Aqui, em Barilochi, encontrei um, cuja estrutura ganha de muitos hoteis e residëncias que há por essas bandas (banheiro super limpo, ducha, cozinha, garagem para moto, colchäo para por dentro da barraca e até a internet que estou usando), tudo por conta da diária em torno de R$ 13,00 por pessoa. Trata-se do camping SER localizado na Colonia Suiza. A minha psicologia em relacäo a camping é a seguinte: quando armo a barraca sou turista. Alegre por estar conhecendo nova cidade, pensando no descanso e na viagem do dia seguinte. Quando vou desarmar a barraca e colocar tudo na moto novamente, a parte mais difícil, penso: Este é meu "emprego". Estou ganhando R$ 70,00 reais para desmontar essa barraca (a diferenca entre o hotel e o camping). Para um cara desempregado, trata-se de um excelente salário. Como gosto de trabalhar, fico feliz novamente.

16/02/09 - Segunda - Ensenada-Puerto Varas - Frutillar - Osorno e Aguas Caliente - 307 km

Depois do insucesso em subir ao topo do vulcäo, parti rumo a Bariloche. Nesse percurso conheci Frutillar e Osorno. Esta última é uma cidade grande e movimenta que mantem casas antigas de valor histórico misturadas com construcöes modernas. O tränsito nas maiores cidades em que passei até agora, é péssimo. Mas a sinalizacäo é boa. Eles tratam bem o turista. A chuva me acompanhou até as 17 horas, mas foi uma viagem gostosa numa autovia muito boa e com pedágio um pouco salgado por se tratar de motos. No pedaco que andei nao tem postos ao lado da rodovia e para abastecer tem que sair da pista pagando um pedágio de $ 100 pesos, agol em torno de R$ 0.50. Voltando à autopista paga-se o pedágio principal em torno de R$ 3,00 a cada 100 km. Puerto Varas passei por duas vezes, na ida e na volta. Lá, acreditem, encontrei o Steen novamente e novamente com problema com as marchas da sua moto.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

15/02/09 - Domingo - Enseada - Raulún - Cochamó - Ensenada - 127 km



Como amanheceu nublado e seguindo orientacäo de que para subir no vulcäo Osorno seria melhor após as 15 horas, resolvi ir comer um Salmäo na cidade de Cochamó e recordar as dificuldades de pilotar no rípio. Para chegar a essa cidade tem que pegar a ruta 7, com parte em cascalho.
O chileno sabe vender turismo. Onde tem uma cascata, um lago ou uma serra eles vendem como atracäo turistica. É cada fria que a o turista entra que dá pena. E säo muitos turistas. Consta no mapa que Raulím é uma cidade. Mas chegando lá encontra uma ponte grande com algumas casas alugando barco e bote. A divisa do Paranaiba em Corumbaiba dá de 10 x 0 nesse Raulim. E Marcelania, indo para Caldas Novas, ganha do Cochamó e é cheio de turista. Voltei mais cedo para subir no vulcäo, mas a chuva pegou e näo deu para sair do camping. Chuveu a noite toda e no dia 16/02 amanheceu chovendo, permitindo o acesso somente à parte que pode ir de moto e carro. O vento lá em cima era tanto que a moto patinou para sair do lugar, devido à forca do vento na sua frente. Passei medo dela tombar de tanto vendo. Nevou à noite e o frio lá em cima era intenso. A segunda foto foi tirada no dia 16/02 de manhä, ou melhor, às 12 hs.